segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Torre de Relógio

Do meu usual deserto avisto de rompante,
Uma torre de relógio ingente
Os tambores ressoam nas profundezas
Acompanhando alguma melodia soturna.

Passam então as horas prontamente.
Os ponteiros depressa se movem,
Avista-se então a luz do inexorável destino
Que é a todas as coisas intrínseco.
O som macabro continua a ondear
No âmago da minha alma.
Uma mistura de sons confusos, indistintos
E sepulcrais. Não há vivalma.

Recordo memórias não nítidas
Palavras alheiamente quiméricas,
Tenho a total certeza de que nada sou,
Já nem me valem as estéticas.

Olho absorto para o lado,
Clock, clock, clock, ouve-se sempre os relógios…
E vejo uma árvore formosa,
Uma formosa árvore de bengala,
Uma vara no despido tronco caído.
Também eu um dia terei bengala
E o mundo continuará idêntico

Um canto sacro indistinto e profundo,
Assombra-me com temor o coração.
A vida passará e nada irá deixar
E aplico-me decadente à imaginada sensação.

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